quarta-feira, 26 de maio de 2010

Textos de Hobbes e Locke

O pensamento de Hobbes.
Fragmentos retirados da obra: “O Leviatã”.

A natureza fez os homens tão iguais quanto às faculdades do corpo e do espírito (...) a diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que qualquer um possa com base nela reclamar qualquer benefício a que o outro também não possa aspirar, tal como ele (...).
(...) quanto à força corporal o mais fraco tem força suficiente para matar o mais forte, quer por secreta maquinação, quer aliando-se com outros que se encontrem ameaçados pelo mesmo perigo.
Quanto às faculdades do espírito encontro entre os homens uma igualdade ainda maior (...) porque a prudência nada mais é do que experiência, que em tempo igual igualmente oferece a todos os homens, naquelas coisas que se dedicam. O que talvez possa tornar inaceitável é a simples concepção vaidosa da própria sabedoria, a qual quase todos os homens supõem possuir em maior grau do que o outro (...)
Desta igualdade quanto a capacidade deriva a igualdade quanto à esperança de atingirmos nossos fins. Portanto, se dois homens desejam a mesma coisa, ao mesmo tempo que é impossível ela ser gozada por ambos, eles tornam-se inimigos.
Daí vem à desconfiança quanto ao que se possui e assim sendo um homem com uma condição de vida razoável com suas plantações e moradias tenta prevenir-se por meio da antecipação, pela força ou pela astúcia subjugando quantas pessoas forem possíveis durante o tempo necessário, até que não haja qualquer outro poder suficientemente grande para ameaçá-lo.
Com isto torna-se claro que, durante o tempo em que os homens vivem sem um poder comum capaz de manter todos em respeito, eles se encontram naquela condição de GUERRA.

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O Pensamento de Locke
Fragmentos adaptados retirados da obra: “Ensaio acerca do entendimento humano”

Para averiguar se existe um desses princípios morais acerca dos quais todos os homens concordam, sou levado a apelar para alguém que esteja moderadamente familiarizado com a História da humanidade, que tenha olhado além de sua própria chaminé. Onde se encontra esta verdade prática, recebida universalmente, sem dúvida ou questão, como deveria ser inata? A justiça e a conformidade ao contrato consistem em algo com que a maioria dos homens parece concordar. Constitui um princípio julgado entender-se até aos esconderijos dos ladrões e às confederações dos maiores vilões; e os que se afastaram a tal ponto da própria humanidade conservam entre si a fé e as regras da justiça.
Concordo com os próprios proscritos agem, deste modo, entre si, mais sem que isso seja recebido como leis inatas da natureza. Praticam-nas como leis de conveniência dentro de suas próprias comunidades, sendo impossível imaginar que a justiça é vista como um principio prático por quem age honestamente com seu companheiros de assalto, ao mesmo tempo que rouba ou mata o primeiro homem honesto com o qual se encontra. (...) Podemos dizer então que quem vive do roubo e da fraude tem princípios inatos de verdade e justiça com os quais se consente?
Outra razão que me leva a dúvida de quaisquer princípios práticos inatos decorre do fato de pensar que nenhuma regra moral pode ser proposta sem que uma pessoa deva justamente indagar a sua razão: o que seria perfeitamente ridículo e absurdo se ela fosse inata (...) pois seria desprovido de bom senso quem perguntasse ou começasse a dar a razão por que é impossível para a mesma coisa ser ou não ser. Pois se temos a convicção de que os princípios básicos do homem, (independente de qual seja) é inato, como poderíamos então encontrar naturalmente uma variedade relevante de regras morais que são encontradas entre a humanidade?